SWBR entrevista Ricardo Faria da BREAKNECKS

Nós do SWBR estamos sempre em busca de marcas nacionais e há um ano conhecemos à Breaknecks, que traz a cultura californiana em suas raízes. Em outubro, estivemos na Urb Tradeshow e conhecemos pessoalmente o cara por trás da marca: Ricardo Faria.

Há sete anos no mercado, Faria é dono de duas lojas em São Paulo e possui três marcas: Stay True (skate), Localz Only (surf) e Breaknecks (cultura kustom, motocicletas e hot rods), que juntas representam a essência da Califórnia.

A seguir confira o bate-papo exclusivo em que Ricardo conta um pouco de sua história e como surgiu a ideia de criar suas próprias marcas.

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Como surgiu a ideia de criar a marca e o nome Breaknecks?

A marca surgiu em 2009 e o nome significa uma gíria usada quando um carro de corrida de arrancada (modelos hot rods) atinge uma alta velocidade e o pescoço dá ‘um tranco’, que em inglês se diz breakneck.

Como a cultura californiana influenciou seu modo de vestir, criar e pensar?

Desde muito cedo sempre curti surf e skate e naquela época, em 1987/1989, não tínhamos muita referência no Brasil e com o passar dos anos fui tendo um olhar mais profundo sobre esta cultura, fazendo adaptações desde o tênis ate o boné. Me lembro bem de assistir ao filme KIDS e tentar usar as calças mais largas de sarja, como não conhecia a Dickies, comprava calça social dez número maiores em uma loja na Rua Augusta (SP). Em relação à parte de criação, quando tinha cerca de 16 anos e já queria ter uma marca de roupas. Hoje viajo bastante para a Califórnia para pesquisa de mercado em eventos de choppers e hot rods.

Como morou em Londres, o que a vivência no país europeu lhe agregou?

Morei lá de 2004 a 2010 e sempre comprei em lojas vintage e fazia uma peregrinação para encontrar coisas legais. Meu aprendizado em workwear e botas veio dali. Lembro muito bem na época em que trabalhava em um PUB de skinhead, rockabilly e rodder em Camden Town, distrito londrino, e via sempre os clientes com bota Red Wing, porém não sabia que bota era até um dia em que fui servir uma mesa e um rapaz estava de perna cruzada e fingi que tinha caído o guardanapo para visualizar a marca da bota. Sempre fui muito curioso sobre roupas e nunca tive ajuda nisso, sempre foi na raça. Todo mês ia em lojas em Covent Garden, distrito londrino, e comprava os jeans da Edwin (marca de jeans japonesa) e, por aí fui aflorando e conhecendo várias marcas neste segmento. Londres é uma referência em moda independente e lá obtive um conhecimento que carrego até hoje.

Como é o processo de criação das três marcas?

As criações surgem de várias maneiras e acontecem principalmente a partir de uma foto, artigo ou referência, e junto dos desenhistas desenvolvemos toda a coleção, sempre com alguma mensagem ou uma história a ser contada. Nesta última coleção, por exemplo, estávamos com dificuldades e decidi ir ao Born Free, o maior evento de motos customizadas e vintage da Califórnia. A partir disso desenvolvemos todas as peças, que se esgotaram rapidamente.

Qual sua visão do mercado nacional?

O mercado nacional é ruim, não tem nada de novo, é engessado e as marcas com medo de arriscar ficam batendo na mesma tecla. Seguem tendências e mais tendências e não segmentam e acreditam na capacidade de inovar. Tento criar algo meio na contramão do que está por aí, o mercado está cansado de estrelinhas, listras e gírias de rua…já deu, ninguém aguenta mais, eu tenho fincado minhas estacas no que eu acredito e feito o máximo para me manter fiel a isso. Muitos só têm a visão do dinheiro o que não é errado, mas não venha beber na fonte de pessoas que carregam uma essência desde o começo. Ninguém cria nada novo é fato, mas algumas marcas preferem copiar descaradamente sem colocar um toque pessoal. A verdade é de cada um, cada um faz o que faz, existi um ditado assim: “You can’t buy originality” e, assim sigo trilhando o que acredito e cada vez mais tenho mais aceitação do mercado. As pessoas compram minhas marcas pela história e caminhada delas, nunca fiz colab com marca que não acredito para ter visibilidade e festinha hype e muito menos fazer amizades que me favorecem.

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“Eu nunca vou ser maior que minhas marcas, os donos de marcas querem 1.000 likes em Instagram e chegar em festa e pagar de famoso, no entanto, isso nunca vou deixar acontecer, sou low profile e tenho uma vida simples e o estrelato não me apetece. Claro que ser reconhecido pelo trabalho me faz bem e esse é um objetivo de vida, mas como disse o trabalho deve ser reconhecido e não a pessoa.”

Quais são os planos para o futuro?

O futuro é promissor e estamos em um momento muito bom da marca e vamos cada vez mais abrir novas lojas sempre neste formato menor apoiando o bairro que estamos localizados, e seguir em frente acreditando na idoneidade e respeito por pessoas e indivíduos que seguem esta caminhada conosco.

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