Estamos comprando nossa “felicidade” com roupas e tênis?

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Com certeza você já deve ter sentido a sensação de que não tem todos os tênis que queria ou que não possui nenhuma peça de roupa das marcas mais aclamadas do momento. Atualmente, esse sentimento é cada vez mais comum por causa da enxurrada de pessoas que enaltecem seus bens materiais nas redes sociais.

Mas quem disse que nossa felicidade está diretamente ligada a isso? Pois é! Ninguém disse isso. Porém, com a crescente onda de pessoas influenciando o consumo exagerado e desnecessário – pelas fotos no Instagram e vídeos de outfit – nos vemos presos em uma cultura capitalista e, muitas vezes, sentimos que nossa vida e nossos bens não são tão legais quanto os do vizinho. Não é bem por aí…

A alegria de comprar coisas gera um pico de felicidade que logo se desfaz ao longo da nossa rotina. Isso explica porque tanta gente gasta dinheiro com tênis e roupas, pois são coisas que te trazem momentaneamente uma boa sensação, mas que logo é esquecida, pois sempre vai ter um grail novo para correr atrás ou a nova coleção da Supreme. Esse ciclo se tornou algo tóxico, que está fazendo mais mal do que bem para quem acompanha nosso meio.

Confesso que também já tive minha fase de ser fissurado em marcas, comprar tênis toda hora e gastar a grana que eu nem tinha. Tudo isso só para provar a mim mesmo que eu fazia parte de um grupo. Esse consumo me trouxe pequenas pílulas de felicidade, mas com o passar dos anos comecei a repensar se realmente tudo o que tinha adquirido era necessário e se essas coisas realmente me faziam feliz. A resposta começou a aparecer quando vendi os primeiros pares de tênis da minha coleção.

dj khaled sneaker collection - Estamos comprando nossa "felicidade" com roupas e tênis?
DJ Khaled/Reprodução

Fui percebendo que sempre usava os mesmos, logo, não precisava ter um monte empilhado e pegando poeira. Na verdade, achava até injusto ter uns tênis bem legais, que outras pessoas não tinham, só para dizer que eram meus – mesmo que fosse só para usar uma vez no ano todo. Por isso, se eu não usava, passei a vender. O mesmo aconteceu com bonés e roupas de marcas consagradas atualmente. Cara, não me arrependo nenhum um pouco de ter me desfeito de tudo.

Esse processo foi importante e me fez enxergar que definitivamente não precisamos de muito para sermos felizes. Você não precisa de produtos de tal marca, tênis limitados e acessórios que custam bem mais do que um salário mínimo para dizer para si mesmo que é mais feliz ou que pertence mais a um grupo do que outra pessoa. Pelo contrário, muitas das pessoas que ostentam, na verdade, são pobres de espírito e garanto que muitas não são realmente felizes no sentido literal e completo da palavra. Inclusive, diversos estudos já comprovaram tal afirmação.

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Joe Migraine/Highsnobiety/Reprodução

Por isso, acho que antes de qualquer tênis ou roupa nós temos que nos preocupar com nós mesmos. Nossos princípios, ideais, famílias e nossa comunidade. Essas são as coisas que nos moldam como indivíduos únicos e não os bens materiais. Não podemos deixar que a avalanche de carga negativa promovida pelas redes sociais nos afaste de quem realmente somos e do que queremos. Caso contrário, continuaremos comprando nossa “felicidade” com sneakers limitados e roupas caras.

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