Recentemente a Netflix lançou o programa Patriot Act, apresentado pelo comediante e comentarista político americano Hasan Minhaj. Entre assuntos cabulosos como Petróleo, Amazon e Arábia Saudita, Minhaj dedicou um episódio inteiro a Supreme, no qual ele investigou e analisou os aspectos econômicos da marca.
Então, antes de ler minha opinião, recomendo que você vá até a Netflix e assista o episódio em questão. São apenas 24 minutos e tem legenda em português.
Feito isso, vamos lá!
Grande parte das constatações que Minhaj apresenta já estão sendo especuladas no mercado internacional desde que James Jebbia vendeu metade da marca para o grupo de investidores Carlyle. Conforme citado no episódio, esses grupos de investimentos compram empresas com um único motivo, o lucro. Quando esse investimento figura na casa dos bilhões, no caso da Supreme, U$S 1 bilhão, o grupo pretender reaver o que investiu em um curto período de tempo, aumentando assim o valor total da empresa em questão.
A bolha da Supreme já estourou há algum tempo, para mim foi logo depoisdo hype em torno da collab com a Louis Vuitton. Com cada vez mais gente querendo seus itens e revendedores procurando suprir ainda mais essa demanda, os preços dos produtos da marca tem alcançado valores exorbitantes no mercado paralelo.
Mas será que isso vai durar por muito tempo?
Eu acredito que não. Esse investimento não vai vir de graça, por isso, a chance da Supreme abrir novas lojas e até aumentar sua produção é algo bem provável. Claro que eles farão isso de forma suave já que grande parte de sua magia econômica está na escassez de lojas e produtos. Por isso, logo após o anúncio de que a venda de 50% da companhia havia sido concretizada, Jebbia correu para dar uma declaração dizendo que o grupo não teria qualquer influência na essência da marca. OK! Pode não ter na ponta final mas com metade da companhia nas mãos dos caras algumas mudanças vão acontecer sim.
Outro fator que pegou mal é que o grupo Carlyle tem entre seus diversos investimentos empresas ligadas à armamentos de guerra. Para os hypebeasts que consomem os produtos da marca isso pode não fazer muita diferença mas em um mundo cada vez mais politizado e com posições fortes contra os conflitos armados chega a ser até bizarro a Supreme se aliar à um conglomerado que apoia esse tipo de coisa.
Sem o hype a Supreme não duraria muito.
Com mais lojas e produtos circulando seria questão de tempo para que o hype em cima da marca deixasse de ser tão grande. Hype não é algo palpável e fácil de controlar. De uma hora para outra, gostos e estilos mudam, e isso poderia perfeitamente acontecer com a Supreme, não pelo seu lado fashion mas por conta do desejo por seus produtos. O mercado atual se mantém através da exclusividade e uma vez que a marca perde isso acaba criando um efeito dominó no qual afetaria um de seus principais consumidores, os resellers.
É claro que a Supreme não vai acabar e muito menos falir. Mas pode ser que ela perca seu pódio na comunidade da moda urbana mundial.